segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Caio fernando abreu
Caio Fernando Abreu
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
- Engraçado, nunca achei que a gente fosse terminar, se a gente fosse terminar, de uma maneira totalmente diferente sabe, mais grandioso, tipo final de filme sabe, com música. Nunca imaginei que fosse ser assim sabe, de repente, do nada, aqui sabe, no estacionamento.
- Você não precisa ficar assim. Isso é só o fim. O que realmente importa já foi feito, a gente já teve nossos momentos especiais. E é isso que importa no fim. Ter alguma coisa pra lembrar, alguma coisa pra nunca esquecer. Uma coisa que não tem fim.
...
- Eu vou indo pra lá, você vai tentar ir pra alguma aula?
- Não, agora não dá mais. Eu vou sentar ali e ficar te vendo ir embora. Pode ser?
- Se você não me seguir.
- Não, eu não vou te seguir. Eu vou só sentar ali e te ver de costas, indo embora. Só isso.
- Só?
- Só. Pode ser?
- Uhun.
- E agora?
- Agora o resto das nossas vidas. "
(Apenas o fim)
terça-feira, 10 de agosto de 2010
segunda-feira, 14 de junho de 2010

“Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada.”
. Caio Fernando Abreu .
quarta-feira, 9 de junho de 2010
quinta-feira, 3 de junho de 2010

Nã
quinta-feira, 4 de março de 2010
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

"Para bem criar passarinho é bom ter asas na alma, imensa inveja dos vôos e viver leve com as penas. Isso se consegue descobrindo a alegria de possuir um céu aberto como casa e ter como caminho a distância do nascente ao crepúsculo sempre.
Para bem criar passarinho é necessário ter o corpo capaz de escutar o silêncio das pedras, o som do vento nas folhas, o ruído de soluços preso em garganta. Isso se alcança afinando bem os sentidos, para perceber sopros de flauta, cordas de harpa e murmúrios das perguntas e lembranças(...)"

"...ao mesmo tempo o herói e o vilão da história. Vítima de si próprio e de sua sensibilidade ao que o cerca, divertidamente mentiroso, assumidamente covarde, parece buscar uma espécie de redenção ajudando desconhecidos e cultuando sua irmãzinha de dez anos. Mas o que realmente o incomoda é o vazio e a falsidade das pessoas, que por mais promissoras que pareçam sempre acabarão por se revelar como mais uma decepção." the catcher in the rye
domingo, 7 de fevereiro de 2010

"Não me importa saber como você ganha a vida. Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar em satisfazer seus anseios do seu coração. Não me interessa saber sua idade. Quero saber se você correria o risco de parecer tolo por amor,pelo seu sonho, pela aventura de estar vivo. Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com sua lua. O que eu quero saber é se você já foi até o fundo de sua própria tristeza,se as traições da vida o enriqueceram ou se você se retraiu e se fechou, com medo de mais dor. Quero saber se você consegue conviver com a dor,a minha ou a sua, sem tentar escondê-la, disfarçá-la ou remediá-la. Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria,a minha ou a sua, de dançar com total abandono e deixar o êxtase penetrar até a ponta dos seus dedos,sem nos advertir que sejamos cuidadosos, que sejamos realistas,que nos lembremos das limitações da condição humana. Não me interessa se a história que você me conta é verdadeira. Quero saber se é capaz de desapontar o outro para se manter fiel a si mesmo. Se é capaz de suportar uma acusação de traição e não trair sua própria alma,ou ser infiel e, mesmo assim, ser digno de confiança. Quero saber se você é capaz de enxergar a beleza no dia-a-dia, ainda que ela não seja bonita, e fazer dela a fonte da sua vida. Quero saber se você consegue viver com o fracasso, o seu e o meu,e ainda assim pôr-se de pé na beira do lago e gritar para o reflexo prateado da lua cheia: "Sim!" Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem. Quero saber se, após uma noite de tristeza e desespero,exausto e ferido até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feito para alimentar seus filhos. Não me interessa quem você conhece ou como chegou até aqui. Quero saber se vai permanecer no centro do fogo comigo sem recuar. Não me interessa onde, o que ou com quem estudou. Quero saber o que o sustenta, no seu íntimo, quando tudo mais desmorona. Quero saber se é capaz de ficar só consigo mesmo e se nos momentos vazios realmente gosta da sua companhia."
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"Não queria, desde o começo eu não quis. Desde que senti que ia cair e me quebrar inteiro na queda para depois restar incompleto, destruído talvez, as mãos desertas, o corpo lasso. Fugi. Eu não buscaria porque conhecia a queda, porque já caíra muitas vezes, e em cada vez restara mais morto, mais indefinido -e seria preciso reestruturar verdades, seria preciso ir construindo tudo aos poucos, eu temia que meus instrumentos se revelassem precários, e que nada eu pudesse fazer além de ceder. Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou. Mas o dilaceramento foi só meu, como só meu foi o desespero. Que espécie de coisa o cigarro queimou, além dos cabelos? Sei que foi mais fundo, mais dentro, que nessa ignorada dimensão rompeu alguma coisa que estava em marcha. Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu" Caio Fernando Abreu
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
