domingo, 20 de dezembro de 2009

"Escolha viver. Escolha um emprego. Escolha uma carreira, uma família.Escolha uma televisão enorme. Escolha lavadoras, carros, CD players e abridores de latas elétricos. Escolha saúde, colesterol baixo e plano dentário.Escolha uma hipoteca a juros fixos.Escolha sua primeira casa.Escolha seus amigos.Escolha roupas esporte e malas combinando.Escolha um terno numa variedade de tecidos.Escolha fazer consertos em casa e pensar na vida domingo de manhã.Escolha sentar-se no sofá e ficar vendo game shows chatos na TV comendo porcaria.Escolha apodrecer no final, beber num lar que envergonha,os filhos egoístas que pôs no mundo para substituí-lo. Escolha o seu futuro. Escolha viver." - trainspotting

sábado, 19 de dezembro de 2009


“Claro que deve haver alguma espécie de dignidade nisso tudo,a questão é onde, não nesta cidade escura, não neste planeta podre e pobre, dentro de mim? Ora não me venhas com autoconhecimentos-redentores, já sei tudo de mim, tomei mais de cinqüenta ácidos fiz seis anos de análise, já pirei de clínica, lembra? você me levava maçãs argentinas e fotonovelas italianas, Rossana Galli, Franco Andrei, Michela Roc, Sandro Moretti, eu te olhava entupida de mandrix e babava soluçando 'perdi minha alegria, anoiteci, roubaram minha esperança' enquanto você, solidário e positivo, apertava meu ombro com sua mão apesar de tudo viril repetindo reage, companheira, reage, a causa precisa dessa tua cabecinha privilegiada, teu potencial criativo, tua lucidez libertária, bababá bababá. As pessoas se transformavam em cadáveres decompostos à minha frente, minha pele era triste e suja, as noites não terminavam nunca, ninguém me tocava, mas eu reagi, despirei, e cadê a causa, cadê a luta,cadê o potencial criativo?”


- cfa

"Ah. Menina, o que foi que foi que aconteceu com você? O que foi que fizeram com você? Eu não sei, eu não entendo. Roubaram a minha alegria, Tiamelinha quando foi pra clínica só dizia isso: roubaram a minha alegria, é tudo uma farsa, aquele olho desmaiado, é tudo uma farsa, roubaram a minha alegria. A primavera, o vento, esperei tanto por essa margarida, e veja só. Atrofiada. Aleijada. As pedras frias do chão da cozinha , rolar nua neste chão, qualquer dia faço uma loucura, faz nada, você está nessa marcação faz mais de dez anos. Mais de dez anos. A gente se entrega nas menores coisas. "


"Tá fresquinho — ela serviu o café. — Agora só consigo dormir depois de tomar café. — A senhora não devia. Café tira o sono.
Ela sacudiu os ombros:
— Dane-se. Comigo sempre foi tudo ao contrário." - cfa


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

At The Hop


Wrap me in your marrow
Stuff me in your bones
Sing a mending moan
A song to bring you home


...for you!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009


'É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes, como você diz? Oh Deus, nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós'

Franz Kafka

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Caio Fernando Abreu


"Louco porque tudo o que o homem faz em seu mundo simbólico é procurar negar e superar sua sorte grotesca. Literalmente entrega-se a um esquecimento cego através de jogos sociais, truques psicológicos, preocupações pessoais tão distantes da realidade de sua condição que são formas de loucura — loucura assumida, loucura compartilhada, loucura disfarçada e dignificada, mas de qualquer maneira loucura"

Amando sobre os jornais


"... Amando noites afora
Fazendo a cama sobre os jornais
Um pouco jogados fora
Um pouco sábios demais
Esparramados no mundo
Molhamos o mundo com delícias
As nossas peles retintas
De notícias..."

Chico Buarque

segunda-feira, 21 de setembro de 2009


"Até o meu próprio corpo me incomoda, prisão da minha alma, de idéias que raramente se soltam para este mundo cada vez mais comunicativo mas ao mesmo tempo cada vez mais isolado. Incomoda-me a liberdade restrita a que estamos sujeitos e à qual temos que respeitar. Incomoda-me a maneira capitalista de pensar dos nossos governantes que, por um simples cruzar de riscos, os elegemos e que por eles somos levados para um mundo de aparentes ideais. Incomoda-me ser como sou e pouco ou nada fazer para o mudar"

yo

"Estou lendo um romance de Louise Erdrich. A certa altura, um bisavô encontrar seu bisneto. O bisavô está completamente lelé (seus pensamentos têm a cor de água) e sorri com o mesmo beatífico sorriso de seu bisneto recém nascido. O bisavô é feliz porque perdeu a memória que tinha. O bisneto é feliz porque não tem, ainda, nenhuma memória. Eis aqui, penso, a felicidade perfeita. Não a quero"

". Fico quieto. Primeiro que paixão deve ser coisa discreta, calada, centrada. Se você começa a espalhar aos sete ventos, crau, dá errado. Isso porque ao contar a gente tem a tendência a, digamos, “embonitar” a coisa, e portanto distanciar-se dela, apaixonando-se mais pelo supor-se apaixonado do que pelo objeto da paixão propriamente dito. Sei que é complicado, mas contar falsifica, é isso que quero dizer — e pensando mais longe, por isso mesmo literatura é sempre fraude. Quanto mais não-dita, melhor a paixão. Melhor, claro, em certo sentido que signifícatambém o pior: as mais nobres paixões são também as mais cadelas, como aquelas que enlouqueceram Adele H., levaram Oscar Wilde para a prisão ou fizeram a divina Vera Fischer ser queimada feito Joana d’Arc por não ser uma funcionária pública exemplar. "

- Mas não seria natural.
- Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
- Natural é encontrar. Natural é perder.
- Linhas paralelas se encontram no infinito.
- O infinito não acaba. O infinito é nunca.
- Ou sempre.


'O dia que Jupiter encontrou Saturno' - Morangos Mofados